Depois de 4 anos, voltei a Falésia Paraíso.
Essa época do ano, aqui na Serra da Mantiqueira, é praticamente "impossível" escalar. Seja na escalada tradicional (de grandes paredes), seja em vias esportivas ou até mesmo nos boulders. O verão é marcado pela grande presença de chuvas e é garantido, que, quase todo dia, vai chover ao menos no final da tarde. O sol que, as vezes teima em sair no dia seguinte, não é suficiente pra secar as vias de escalada. Então, nossa missão diária é acompanhar a previsão do tempo nos mais diversos sites e aplicativos pra ver onde vai estar "menos pior", com menor probabilidade de chuva e que dê pra escalar. Mountain Forecast, Windyguru, CPTEC/INPE, INMET e Meteoblue são apenas alguns, dos muitos meios que a gente utiliza pra saber pra onde ir... Muitas vezes vamos atrás dos amigos locais pra saber como está o tempo por lá.. Esse foi o caso da nossa ida pra Falésia do Paraíso em Pindamonhangaba (SP).
É claro que existem alguns setores e locais na Mantiqueira que, mesmo com muita chuva, não chega a molhar a rocha, não atrapalhando assim a escalada. Mais normalmente esses locais são mais afastados (assim como o Paraíso) de onde moramos (Itamonte) ou então contam com vias bem.. bem hards (como a Gruta de Passa Vinte).
Nessa ideia, tentamos mandar um alô pra turma do Paraíso pra saber se ia rolar uma escalada no final de semana por lá.. Contestando a previsão (entenda previsão como uma informação que pode estar completamente errada, seja para o bem ou para a pior das situações), descemos para o Vale do Paraíba no sábado.
Chegando em Pindamonhangaba, descobrimos que o carro estava com um problema no pivô dianteiro da roda esquerda, podendo a vir a estourar a qualquer momento, causando um possível acidente. Nossa única saída era arrumar o carro e resolver o B.O antes de qualquer coisa. Chegamos em Pinda às 09:15 da manhã e já fomos atrás de mecânicos pra resolver o problema. Como era final de semana, foi um pouco difícil achar alguém que resolvesse a questão. Em um dos últimos locais que a gente procurou, achamos uma oficina capacitada pra resolver o lance do pivô. Horas passadas, lanches na padaria e meio kg de sorvete, 13:30 da tarde, o carro ficou pronto. Depois de muito estresse e desânimo, resolvemos ainda dar um pulo na Falésia do Paraíso pra fazer valer todo o rolê do dia, aproveitando ainda que não tinha chovido.
Chegamos próximo de 14:15 na falésia. O dia estava ensolarado e um calor absurdo! Muito mais quente que Itamonte, pois Pinda está no Vale do Paraíba, do outro lado da Serra da Mantiqueira, onde normalmente as massas de ar "estacionam". A Falésia conta com vias para todos os gostos. Vias curtas, vias de resistência, vias de grau acessível e vias mais duras. Como o setor Boas Vindas estava cheio, resolvemos ir pra outro setor que estava seco, onde tinham umas vias mais tranquilas. Escolhemos o setor Visual.
Eu e Priscila escalamos as vias Denise em Crise (Vsup) e Heloísa na Brisa (Vsup), até que começou a cair uns pingos de chuva. Rapidamente ajeitamos nossos equipamentos e nos preparamos pra descer, até que... a chuva parou. Como estava muito abafado, ainda deu tempo da rocha secar e conseguimos aproveitar pra escalar até o final da tarde. Na sequência, ainda rolou um tempo pra entrar nas vias: O Aprendiz (7a), Renata Ingrata (7a) e Luiz Inácio (7a). Como tínhamos chegado tarde no Paraíso, a vontade de voltar no dia seguinte era grande, mas precisávamos retornar para Itamonte.
Chegamos em casa tarde da noite e conseguimos convencer nosso amigo Thiago Ganzerli a retornar pro Paraíso no dia seguinte. Apesar de serem cerca de 150km de Itamonte até a Falésia Paraíso, as vezes gastamos mais tempo saindo de casa e indo escalar no nosso quintal de casal, o Parque Nacional do Itatiaia, seja nas Agulhas Negras ou Prateleiras, do que descendo para o Vale. Então assim foi, no dia seguinte, seguimos novamente para o Paraíso, já que era um dos poucos lugares onde não estava chovendo.
Dessa vez chegamos mais cedo, sem problemas no carro e fomos escalar. Como estava menos vazio do que no dia anterior, resolvemos escalar no setor Boas Vindas dessa vez. O Claudião, que tinha nos ajudado com a questão do tempo, também estava lá com os amigos, deu a vibe e nos passou alguns betas. Conseguimos escalar a via clássica Cinturão Galático (Vsup) e ainda tive tempo de conhecer uma outra clássica, uma esportiva mais dura: Dá No Ninho (7b). Assim que terminei de escalar essa via, o tempo começou a mudar. Como no dia anterior chegou a chover, parou e ainda sim conseguimos escalar, pensamos que ia rolar a mesma coisa. TOTALMENTE ENGANADOS!
Começou a chover forte, literalmente a cair o mundo. Tivemos que arrumar nossas coisas correndo e descer o quanto antes. Após alguns trovões e muita chuva, chegamos no carro ensopados, mas felizes por termos conseguido escalar, ainda que pouco, no final de semana. No retorno para Itamonte, ainda paramos na loja da Bauducco e abastecemos nossa dispensa pro resto da semana com panettones e chottones, a incríveis R$ 4,50 rsrs. E ainda rolou tempo de comer um Mc' Donalds, pra abastecer nossas energias.
Agradeço a comunidade escaladora do Paraíso por nos ajudar e passar todos os betas possíveis para que conseguíssemos escalar no final de semana. Valeu Luiz Lasanha, Bruno Catatau e Claudião, pelas infos e aos demais pela força de sempre! Em breve retornaremos ao Paraíso pra aproveitar ainda mais.
(Priscila Lamana escalando a Cinturão Galático, no setor do Boas Vindas)
(Thiago Ganzerli escalando a Cinturão Galático)
(Mateus, escalador local, trabalhando no seu projeto, via Catatau - 9a)
(Alexandre Alves na clássica Dá no Ninho)
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